O que você precisa saber antes de investir na bolsa
O erro custará mais do que o estudo
O padeiro deixou seu trabalho e foi construir casas. Não deu certo. A enfermeira deixou seu trabalho e abriu um minimercado. Não deu certo. O engenheiro deixou seu trabalho e abriu uma escola infantil. Não deu certo. O cidadão comum viu a bolsa subindo e foi investir. Não deu certo. A todos esses personagens houve uma mudança de profissão sem preparação, por isso que não deu certo. A todos eles a preparação poderia ter custado menos do que as perdas sofridas.
Se investir em renda fixa já é algo que tem a sua complexidade, imagine investir na renda variável da bolsa de valores. A parte mais fácil de fazer é operacionalizar, ou seja, comprar a ação. Isso tem sido facilitado ao máximo para popularizar essa modalidade de investimento. Essa etapa, porém, deveria ser a última a ser realizada pelo investidor. Antes dela, devem vir as partes mais trabalhosas como estudar para adquirir o conhecimento e estudar a empresa sob a mira do investidor.
Todo empreendimento com ações em bolsa existe para ter lucro. Investir num empreendimento cujo objetivo não é o lucro é fazer caridade. E é o lucro que sustenta o valor de uma empresa: vale mais quem lucra mais. Além de buscar o lucro, as empresas em bolsa perseguem outros dois objetivos: proteção contra a inflação e crescimento.
É a proteção contra a inflação que faz os lucros crescerem na medida da inflação ocorrida. Preço são reajustados a fim de preservar o poder de compra do faturamento da empresa, pois os insumos também são reajustados para ela. A matéria prima se torna mais cara, a mão-de-obra recebe do dissídio salarial. A consequência final desse ato de proteção é fazer os lucros crescerem de acordo com a inflação, mas que, apesar do crescimento numérico, é só a preservação do poder de compra. Se é o lucro que sustenta o valor da empresa, a sua proteção contra a inflação protege o valor da empresa, ou seja, o preço da ação sobe em parte por causa dessa proteção, mas não se engane, isso não o deixa mais rico, apenas preserva seu poder de compra.
A mina de ouro é o crescimento. A companhias abertas trabalham incansavelmente para aumentar seus lucros. Exploram novos mercados; lançam mais produtos, aumentando o portfólio; aproveitam-se de sinergias ao incorporar empresas concorrentes; investem para atender um mercado consumidor crescente devido ao crescimento natural da economia. Se o lucro cresce, o valor da ação cresce. É sob essa circunstância que você pode dizer que está multiplicando sua riqueza na bolsa. Ainda mais se a empresa reinveste os lucros e você reinveste os dividendos distribuídos.
Partindo do princípio de que o esforço de todos é para sempre crescer, então cresce junto o valor total do mercado. Isso significa que se você entender de ações só isso que está aqui neste texto e fizer um investimento num fundo de ações que monta uma carteira semelhante ao Índice Bovespa, você já vai se aproveitar do crescimento médio do índice no longo prazo. Veja bem, no longo prazo. Qual seria, então, a razão de se aprofundarem os estudos sobre investimentos em renda variável?
Vencer o índice. Por que você haveria de se aventurar, de se dar ao trabalho, de aumentar seus riscos para ficar abaixo ou na medida do índice? Mas eu já adianto, não é difícil vencer o índice, só é trabalhoso no começo. Haverá sempre aquele que não quer se esforçar, mas apenas seguir dicas; aquele que vai para “operar”, fazendo da bolsa um autoemprego. Esses perderão ou ganharão menos do que o índice para você, que se preparou, ganhar mais.
Estude, é mais barato do que a perda. Se você está aqui porque gosta de ler, o melhor começo por meio da leitura é o livro O investidor inteligente de Benjamin Graham cuja primeira edição é de 1949, mas a tradução disponível no mercado é a de 1973. E continua atual.
